O que designers podem fazer pra evitar padrões enganosos ao projetar produtos digitais?

08 de maio

Trinca Trend 001

Existem algumas práticas no design de produtos digitais que induzem as pessoas a realizarem ações que elas não gostariam, o que ferem a ética do design. Essas práticas são chamadas de Deceptive Design (Design Enganoso) ou Dark Patterns (Padrões Escuros).

Alguns exemplos como se inscrever em uma newsletter ou ficar scrollando infinitamente dentro de um app são artifícios usados para objetivos de negócios, mas passa por cima do bem estar dos usuários ou de suas necessidades.

Mas como quebrar esse ciclo de projetar para um engajamento viciante?

O artigo "The world needs a tech diet; here is how designers can help", do UX Collective, traz algumas dicas ótimas de como mudar essa cultura no design de produtos digitais. Confira:

01 - Defina princípios de design sólidos

Princípios de design que buscam redução e simplificação já existem há algum tempo. A filosofia no centro do movimento estético modernista do século XX, por exemplo, era a ideia de que o mundo tinha que ser fundamentalmente repensado e simplificado.

Hoje, na era dos produtos digitais intangíveis, precisamos decidir — e seguir — princípios mais amplos que guiarão nosso trabalho. Portanto, invista seu tempo em buscar por autores e artigos que façam sentido para um trabalho mais positivo.

02 - Escolha padrões de design

Padrões

Como designers, podemos desempenhar um papel crucial na criação de produtos e serviços mais saudáveis. Em última análise, somos nós que escolhemos os padrões de interface do usuário, escrevemos a cópia e definimos fluxos e interações. Sendo assim, cabe a nós questionar se estamos fazendo nosso trabalho com responsabilidade.

Da mesma forma que o vício em tecnologia é criado por meio do design, o design também pode ser usado para promover uma relação mais saudável com a tecnologia.

03 - Faça uma boa pesquisa de usuário

A pesquisa nos ajuda a entender melhor nossos usuários. No entanto, nem todas as pesquisas são igualmente eficazes.

  • Conheça suas ferramentas e quando usá-las

Se não for bem planejada, a pesquisa pode ser enganosa: uma sessão de teste de usabilidade pode mostrar que os usuários são capazes de agir rapidamente em uma tarefa, mas esquecem de perguntar como essa tarefa os afeta e se eles querem realizá-la em primeiro lugar. A pesquisa fundamental, feita cedo e com frequência, pode ajudar a trazer a perspectiva do usuário para sua equipe e para a estratégia do produto.

  • Vá amplo em sua pesquisa

Mesmo ao planejar uma pesquisa direcional, aproveite a oportunidade para entender comportamentos e orientações mais amplas do usuário em relação ao seu produto e à tecnologia em geral.

  • Esteja atento sobre como você formula perguntas

De acordo com Erika Hall, a grande questão de pesquisa é o que você quer saber, não o que você pergunta em uma entrevista. Na verdade, fazer sua pergunta de pesquisa diretamente é muitas vezes a pior maneira de aprender qualquer coisa.

04 - Métricas como desafio

Triangulo top Métricas do negócio; base direita contador de métrica; base esquerda métricas do usuário; no meio objetivo do produto

Existem dois cenários comuns quando se trata de métricas:

  • O negócio tem foco em métricas de crescimento e o trabalho de design se limita a melhorar agressivamente esses números; ou

  • A empresa não estabeleceu suas próprias métricas e depende de métricas enlatadas, o que significa que o trabalho de design está desconectado de seu impacto nos usuários.

Ambos os cenários podem ser bastante prejudiciais e levar os designers a usar padrões escuros para atingir seus objetivos mais rapidamente.

Os designers precisam fazer parte da discussão da métrica não apenas para trazer a perspectiva do usuário, mas também para verificar como uma determinada métrica pode influenciar ou ser influenciada por todo o ecossistema do produto.

05 - Antecipar comportamentos não saudáveis

Como designers, estamos acostumados a pensar em caminhos felizes, fluxos ideais e todas as ótimas maneiras de as pessoas se envolverem com nossos produtos. Mas quais são algumas das maneiras pelas quais eles podem causar danos não intencionais?

Como agir:

  • Faça um brainstorming de comportamentos não intencionais e prejudiciais;

  • Mergulhe mais fundo na pesquisa de usuários;

  • Quantifique o estado atual, inclua em suas métricas e análises o estado atual dos maus comportamentos, bem como os riscos futuros que isso pode criar.

  • Busque oportunidade de impacto positivo;

  • Gerar conscientização.

06 - Divulgue hábitos mais saudáveis no trabalho

Se você trabalha em um ambiente onde as pessoas não respeitam umas as outras, é provável que você não defenda o respeito aos hábitos tecnológicos de seus próprios usuários.

Como agir:

  • Respeite os calendários das pessoas;

  • Planeje suas reuniões;

  • Não leve distrações para uma reunião;

  • Envie e-mails mais curtos e não use o Slack após o expediente;

  • Não se apresse em responder;

  • Use quadros brancos com mais frequência, pode ajudar a visualizar o que está sendo discutido;

  • Discutir políticas de trabalho;

  • Executar retrospectivas;

  • Lidere pelo exemplo.

07 - Envolva-se além da sua bolha

Se o design é a renderização da intenção , não basta ter a intenção: precisamos executá-la. Como podemos nos envolver além de nossa própria bolha para causar um impacto real no mundo?

  • Entre em contato com outros especialistas;

Embora os designers detenham grande parte da responsabilidade pelo impacto da tecnologia na vida das pessoas, profissionais como sociólogos, antropólogos e outros pesquisadores que estudam nossa relação com a tecnologia têm informações valiosas sobre o que fazemos.

  • Vá além da sua própria bolha;

As melhores pessoas para conversar sobre crianças e tecnologia? Pais. As melhores pessoas para conversar sobre tecnologia nas escolas? Alunos e professores. Participe de conversas com pessoas que compartilham um interesse nesse tópico, não apenas um histórico compartilhado com você.

  • Seja um jogador de equipe;

Não temos as respostas. Muitas vezes nosso papel é facilitar ao invés de resolvê-lo. Dê apoio aos especialistas e grupos que estão fazendo a diferença.

  • Voluntarie seu ofício.

Em vez de apenas falar sobre isso, disponibilize seu ofício para ajudar organizações sem fins lucrativos que estão fazendo a diferença na criação de uma relação mais saudável com a tecnologia.

08 - Projete sua própria dieta tecnológica

esquerda email com seis notificações seta apontando para direita e email sem notificações

Olhe para o mundo ao seu redor: os espaços, objetos e interfaces com os quais você interage diariamente. Como designer, você pode estar pensando em como projetar melhor essas coisas – e como criar as proteções digitais certas pode ter um impacto positivo em sua rotina.

Projetar sua vida começa com o ambiente ao seu redor. Compartilhe esses novos comportamentos com sua família, amigos e pessoas que não trabalham com tecnologia. Como adotantes iniciais da tecnologia, somos responsáveis por influenciar as pessoas menos nerds ao nosso redor.